Falsas memórias: o que acontece quando a memória trai a verdade?
- Mateus Archangelo do Carmo
- 22 de abr.
- 2 min de leitura
Depoimento de testemunha & falsas memórias sob o olhar da Psicologia Forense
Em muitos processos judiciais, o depoimento de testemunhas é tratado como uma verdade objetiva — quando, na prática, a memória humana é profundamente suscetível a distorções. No contexto forense, especialmente quando há um alto nível de pressão emocional ou o lapso temporal entre os fatos e a oitiva, a confiabilidade da memória deve ser analisada com cautela.
A psicologia há décadas estuda o fenômeno das falsas memórias, ou seja, lembranças de eventos que nunca ocorreram ou que foram significativamente modificados pela mente. Isso pode acontecer por inúmeros motivos: sugestões externas, repetição de narrativas, influência de outras pessoas, ou até mesmo o desejo de encontrar sentido em acontecimentos mal elaborados emocionalmente.
No ambiente jurídico, esse fenômeno se torna ainda mais delicado. Uma testemunha pode relatar com segurança absoluta algo que ela realmente acredita ter acontecido — e, mesmo assim, essa informação não corresponder à realidade. Esse ponto é crucial, principalmente em casos de abuso, violência doméstica, alienação parental e disputas familiares, onde as emoções intensas e a repetição de narrativas ao longo dos anos tornam o terreno ainda mais propício para distorções involuntárias.
A atuação de um psicólogo forense ou de um assistente técnico especializado é essencial nesses casos. O profissional não está ali para dizer quem está "mentindo" ou "falando a verdade", mas sim para analisar se aquele depoimento é coerente com os mecanismos do funcionamento da memória, com o histórico do sujeito e com outros elementos que podem dar ou não sustentação à narrativa.
É importante lembrar que a memória não é como um vídeo armazenado — ela é reconstruída a cada vez que é acessada. Isso faz com que a forma como a pessoa lembra, reorganize e reconte os fatos esteja sujeita a interferências emocionais, sociais e cognitivas.
Quando um processo depende fortemente do relato de uma testemunha, contar com um parecer psicológico que analise a consistência e a plausibilidade daquele discurso pode ser o fator que define a condução justa de um caso. E mais: esse cuidado também respeita o princípio da ampla defesa e do contraditório, assegurando que o processo caminhe com base em critérios científicos — e não apenas em impressões subjetivas.
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Mateus Archangelo do Carmo
Psicólogo | Perito e Assistente Técnico Judicial CRP 06/152407
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